Desde 2007, 19 pessoas se tornam milionárias a cada dia no Brasil, segundo estudo apresentado na conferência Private Banking Latin America. Pelas contas da revista Forbes, nosso país tem hoje 137 mil milionários. São pessoas cujas riquezas chegam a 1 milhão de reais somando investimentos, propriedades, poupança e outros ativos. Até aí, todo mundo feliz. O problema começa quando alguns deles procuram um lugar para investir seu dinheirinho. Se você não é um milionário – ou quase milionário – familiarizado com o mercado financeiro, o caminho nem sempre é fácil.
Boa parte dos mortais concentra seus investimentos no banco em que tem conta corrente. É prático, mas nem sempre rentável. Alguns bancos cobram taxas de administração altas, e seus fundos não são necessariamente os melhores do mercado. Bancos de investimentos, por exemplo, oferecem retornos mais elevados.
A questão é como saber quais são os melhores fundos e opções entre a miríade de tipos de investimentos que existem. CDI, CDB, multimercados, ações, fundos de ações, renda fixa, fundo cambial, fundo imobiliário, título público, previdência… Já ficou tonto? Pois é. No Brasil, só de fundos, há 12 mil diferentes. Para obter ajuda na hora de investir, o cliente tem basicamente duas opções: recorrer ao gerente de seu banco ou a um escritório de investimentos e assessoria financeira.
E aí, mais um obstáculo: alguns escritórios costumam definir um montante mínimo para investir. Ou seja, você está feliz da vida porque conseguiu 700 mil reais para aplicar, mas nem sempre pode entrar no clube. Ou tem 1 milhão – valor mínimo em vários desses escritórios – e fica com a sensação de que será tratado como cliente xinfrim, sem muita atenção.
“As pessoas que têm entre 500 mil e 5 milhões de reais para investir costumam ser muito mal atendidas”, diz Claudio Iannone, sócio fundador da Trend Capital assessoria financeira. “Normalmente, é alguém que poderia sofisticar sua carteira de investimentos e ganhar mais, mas acaba alocado nos mesmos fundos.”
Enquanto os juros praticados no Brasil eram astronômicos e a Bolsa ia bem, isso não era assim tão problemático. Mas o cenário mudou. Hoje, investindo em um fundo mediano, com uma taxa de administração alta, você pode acabar no zero a zero. “As grandes reviravoltas que estão ocorrendo geram uma demanda maior por orientação”, diz Eduardo Haber, sócio responsável pela Advis Wealth Management, que atende clientes com 300 mil a 5 milhões de reais. “A pessoa que antes buscava um nível de retorno agora vai precisar mudar seu perfil de risco para obtê-lo ou procurar uma assessoria mais ativa, uma gestão de maior qualidade.” Por sorte, há algumas delas no mercado, e a expectativa é de que esses serviços cresçam 30% nos próximos cinco anos.
Para monitorar todas as opções que existem, são necessários sistemas, plataformas, equipe. “Dos 12 mil fundos oferecidos, 95% têm desempenho pífio. Um bom assessor financeiro vai trabalhar com 5% deles, avaliando, acompanhando o gestor. Tenho mapeados 400 gestores, conheço pessoalmente 200 e recomendo aplicar com apenas 100”, diz José Hugo Laloni, sócio da LLA investimentos.
Também é preciso levar em conta o perfil da pessoa e o seu momento de vida. Ela quer acumular capital? Vai comprar um imóvel? Planeja se aposentar? Está disposta a arriscar mais ou é conservadora? A maioria dos escritórios analisa o estilo e os objetivos do cliente antes de investir.
Uma das regras com a qual todos concordam é que é preciso diversificar. Tente não colocar mais de 40% do seu patrimônio em um único tipo de investimento. Outra? Antes de escolher, compare o que seu banco, um banco de investimentos e mais dois ou três assessores financeiros oferecem e recomendam. E, para cada aplicação, verifique a liquidez (em quanto tempo você resgata o dinheiro), a taxa de administração e de performance (alguns fundos cobram porcentagens sobre os ganhos), quanto se paga de imposto de renda na hora de resgatá-la e qual foi seu rendimento. No fim das contas, é como fazer compras num supermercado: quem não compara, paga caro.
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