19 de jan. de 2012

A corrida do fim do mundo

“Um jerico bom, pisar fundo, largar na frente e ter estrela.” Esses são os preceitos de Sílvio Stédile para vencer a Corrida de Jericos de Alto Paraíso. Em Rondônia, um jerico não é apenas o filho do jumento com a égua, bichinho estéril, animal de carga por excelência. Jericos são cruzamentos, sim, de peças de vários automóveis, resultando num veículo robusto, perfeito para carregar toras de madeira, principal riqueza da região. E essa cidade de 17 mil habitantes virou capital da jericolândia: por ali transitam 1 500 desses animais motorizados. Muitos construídos por Stédile, vereador, dono de uma fábrica de jericos e um dos astros da corrida, que acontece no mês de fevereiro, atraindo cerca de 50 mil pessoas. Essa espécie de F-1 amazônica é na verdade mero pretexto para a festa do dia anterior, que transforma a pequena Alto Paraíso num óbvio trocadilho.

Mas é a expressão “inferno verde” que surge com intensidade quando se observam do avião as gigantescas extensões de árvores entrelaçadas que pareceriam infinitas não fossem interrompidas por rios, igarapés – e imensas porções de nada. Terrenos desmatados para o plantio de soja (Rondônia é o maior produtor do país), extração de madeira (o estado é recordista em extração ilegal) ou para pecuária (exporta mais carne que o Rio Grande do Sul).

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