Entrevista não é comigo.” Aos 48 anos, 27 de profissão, William Bonner está desde 1996 à frente do telejornal de maior audiência do país. Sempre vestido de terno azul-marinho, preto ou risca de giz, ele entra com sua voz maviosa e a mancha branca no cabelo preto na casa de milhões de pessoas, de segunda a sexta, dando notícias sobre tudo (ou quase tudo, já que eventos cujos direitos de transmissão pertencem às concorrentes são ignorados ou cobertos com imensa parcimônia). Uma pesquisa do Ibope o apontou como o jornalista mais confiável do Brasil. Nos últimos dois anos, ele tem feito um esforço sistemático para romper a armadura virtual da televisão por meio de sua conta no Twitter. No microblog, um Bonner relaxado, bonachão, “conversa” com seus 2,3 milhões de seguidores – um fenômeno de audiência. “Horizontalizar o esqueleto” e descrições do peso de suas pálpebras são comuns. Ele também fala muito do pijama e o fotografa. Já deu receitas de comida e mostrou sua coleção de camisas de times internacionais. Além de se fazer mais, digamos, íntimo dos seguidores (a quem ele chama de “sobrinhos”, ao passo que ele é o “tio” ou “tio velhinho”), fica claro que o apresentador é mais um viciado em gadgets (ele tem um iPhone e dois tablets), já que posta o tempo inteiro. A pergunta que não quer calar: quem, afinal, é William Bonner? E por que ele se expõe dessa maneira?
“Sempre perguntam qual o William verdadeiro. É uma pergunta tola. Eu não vou agir com você como eu ajo com a minha mulher ou como ajo com um delegado de polícia”, disse-me o editor-chefe certa vez, numa de nossas conversas. “Todos são verdadeiros. Cada um dentro do seu ambiente e dentro das circunstâncias que cercam aquela interação.”
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