3 de jan. de 2012

O Brasil na vanguarda das implosões

A implosão de um antigo moinho no primeiro dia de 2012 é a prova de que ninguém segura o Brasil. Depois de passar o PIB do Reino Unido, o país continua a dar provas de sua sanha capitalista e empreendedora. O edifício ainda estar de pé é fato menor, pois a liderança nacional na área de demolições é notória. O jornalista Sidney Rezende da GloboNews durante a transmissão ao vivo da destruição louvou: “O Brasil exporta esta tecnologia”. Tanto é que a expertise local também fora notada em 2011, quando as arquibancadas do Estádio Mané Garrincha estavam prontas para ser postas ao chão. Depois que o alarme soou, viu-se apenas uma leve poeira e o estádio imponente ao fundo.

O moinho em questão havia sido o foco de um incêndio em uma favela em São Paulo e corria o risco de desabar, motivando a interdição de uma linha de trem vizinha. O prefeito Gilberto Kassab deu nota 10 para implosão. “Os objetivos foram atendidos até porque a circulação de carga e de passageiros será reestabelecida. Este era o principal objetivo”. Também é fato menor que o trecho continue interditado. A promessa é que seja reaberto na manhã de terça-feira, 3.

O prefeito costuma ser generoso em suas notas. Em 2011, avaliou a sua gestão da seguinte forma: “Eu dou 10 pelo nosso esforço e pela vontade de acertar”. No caso brasileiro, o esforço sempre valeu mais. Ou alguém acha que os engenheiros queriam deixar o Mané Garrincha em pé? No caso do moinho, esse empenho custou aos cofres públicos R$ 3,5 milhões. Foram usados 800 quilos de explosivos para derrubar apenas dois andares de um prédio condenado. Em comparação, 300 quilos foram necessários para destruir três pavilhões (cinco andares cada) do antigo Carandiru. O moinho com seis andares usou 64% da quantidade de explosivos usados para derrubar o Hudson’s, em Detroit, com 26 andares. Sem dúvida alguma já somos campeões em vontade de acertar. Ninguém segura o Brasil.

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