Na semana passada, João Havelange voltou a “brilhar” na mídia internacional. Desta vez, não foi por alguma vitória política na área esportiva, na qual sempre foi um mestre insidioso. Mas por ter renunciado ao seu cargo, que ocupava já há 48 anos, no Comitê Olímpico Internacional (COI), para evitar uma investigação baseada em acusações de corrupção relacionada ao contrato com a ISL — a agência que detinha os direitos televisivos da Copa do mundo até falir em 2001, com uma dívida de 300 milhões de dólares.
A renúncia ao cargo do COI é o final infeliz de uma carreira cercada de grandes negociações — e suspeitas e acusações ainda maiores. Pesam sobre João Havelange dúvidas inquietantes sobre as conexões comerciais que estabeleceu entre o mundo esportivo e suas atividades empresariais. Foi presidente por 58 anos da empresa de ônibus Cometa, tem conexões familiares com a Amil e é acionista majoritário da indústria química Orwec, que fornece matéria-prima para a fabricação de equipamentos esportivos.
Festejado como o presidente da FIFA que profissionalizou a entidade ao longo de seus 24 anos de atuação, Havelange soube, sim, fazer dinheiro. Quando entregou a presidência da Fifa, deixou um patrimônio de 4 bilhões de dólares e um faturamento garantido pelas negociações com patrocinadores e transmissão de TV. O mundo do futebol e todos que orbitavam esse universo enriqueceram com ele e não é de se estranhar que seja alvo de tantos admiradores.
Com a saída do COI, João Havelange encerra, aos 95 anos, seu ciclo como dirigente esportivo de uma maneira previsível: sob acusações.
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